Sejam bem-vindos à Oficina de Máscaras

A Oficina de Máscaras tem como objetivo geral realizar um estudo da produção de máscaras nas culturas diversas, como africanas, indígenas e populares, com a finalidade de estabelecer alguns parâmetros teóricos para o desenvolvimento da criatividade através de uma produção plástica que consta de uma prática de construção de máscaras.

As Máscaras


As máscaras estão presentes durante todo percurso da história da humanidade. Elas foram várias vezes usadas pelas pessoas de forma cultural, cerimonial, religiosa, espiritual ou divina; como um meio de transmissão de histórias, crenças e culturas diversas.

Encontra-se gravada na caverna labirinto de Trois Frères, em Ariège, nos Pirineus, a primeira máscara que se tem registro. Segundo arqueólogos, datada do período paleolítico superior (30.000 a 10.000 a.C.), estaria voltada para um ritual de cura e caça associado à fertilidade.

Confira o uso das máscaras por diversos povos: na África em rituais religiosos, ritos iniciáticos e funerários; na Ásia, além dos rituais de cunho religioso, em celebrações festivas e cerimônias de casamentos; no Antigo Egito, em sacrifícios cerimoniais, na pós-vida: os egípcios adornavam as múmias com máscaras revestidas de pedras preciosas para que o morto fosse reconhecido no além; na antiga Grécia e na Roma, por volta do século V a.C., em festivais e teatros, sendo que a máscara da tragédia fazia referências à natureza humana e o controle do destino dos homens pelos deuses, e a máscara da comédia fazia uma alusão crítica à política e à sociedade; no Japão do século XIV, surge o teatro Nô, sendo bastante utilizadas como vestuário para esconder as características individuais dos atores; no Brasil, as tribos primitivas representavam elementos da natureza, como figuras de animais, insetos e aves.

Ainda hoje, no Brasil, elas estão ativas nos festejos carnavalescos e nas festas folclóricas e rurais, participando de forma efetiva no comportamento emocional e social das pessoas, ensinando princípios básicos da moral comunitária, perfazendo um elo entre o passado e o presente, entre o tradicional e o moderno.

Nas culturas indígenas, as máscaras representam forças espirituais que se buscam nos rituais místicos ou religiosos traduzindo os pensamentos participativos e os objetivos coletivos de toda a comunidade.

Segundo Schultze, as principais funções de uma máscara são:
  • disfarce;
  • símbolo de identificação;
  • esconder revelando;
  • transfiguração;
  • representação de espíritos da natureza, deuses, antepassados, seres sobrenaturais ou rosto de animais;
  • participação em rituais;
  • interação com dança ou movimento;
  • fundamental nas religiões animistas e
  • mero adereço.
A máscara social se faz necessária enquanto artifício de adaptação para o convívio social. Representamos diversos papéis perante a sociedade que, de certa forma, podem ser considerados como máscaras comportamentais, como por exemplo: o bom filho, o funcionário eficiente, o namorado fiel, o jovem responsável, o aluno exemplar, o brasileiro lutador etc.

Zuleica Dantas (Apud Klein), antropóloga e pesquisadora, afirma que “o ato se mascarar é uma forma de se ir de encontro à moralidade estabelecida pela sociedade sem comprometimento do reconhecimento”.

Para Canhadas, as máscaras estão conectadas à nossa alma fazendo parte da nossa personalidade, porém, segundo o autor, não somos as nossas próprias máscaras, pois, “se não houver nada além da máscara, seremos parciais, incompletos, pedaços de Espírito e não um Espírito uno”.

Os super-heróis das histórias em quadrinhos e/ou do cinema, utilizam uma máscara para esconder uma identidade secreta. Sem a máscara, a segurança de seus amigos, familiares ou a sua própria poderia estar comprometida.

Nas comunidades virtuais da Internet, o uso de nicknames nos chats e salas de bate-papo também pode ser considerado como uma forma de se mascarar, ora escondendo ora revelando a personalidade do internauta.

Vimos que as máscaras podem ser objetos de estudo e relacionam-se com as várias categorias do conhecimento humano, assim como a Arte que se relaciona com a História, a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia e a Filosofia. Dando-nos uma contribuição para uma aproximação, através dos seus estudos e da sua história, entender o que seja a própria Arte.

A seguir, cito algumas obras e alguns artistas das Artes Visuais que trabalharam ou foram influenciados pelas máscaras:

Máscaras da Bahia - Aristides Alves

Máscaras da Bahia é uma série de fotografias de máscaras feitas ao longo de quatro anos pelo fotógrafo, e também jornalista, Aristides Alves, em festas populares e religiosas de Salvador e do interior baiano. Ele desenvolveu intensa atividade cultural no campo da fotografia com um caráter antropológico, buscando detectar e valorizar as tradições culturais e religiosas da Bahia.
 

Alves, Aristides. Zamiasunga/Máscaras da Bahia, 1997, matriz-positivo, coleção do artista.

Máscaras Sensoriais - Lygia Clark

As Máscaras Sensoriais de Lygia Clark eram confeccionadas utilizando-se deferentes materiais com o objetivo de levar sensações diversas a quem as vestisse. Orifícios no lugar dos olhos continham diversos materiais costurados. Próximas ao nariz, colocavam-se ervas com cheiros característicos e, junto ao ouvido, objetos que produziam sons. Dessa forma, os sentidos como visão, olfato e audição, eram aguçados. O intuito era realizar uma experiência solitária na busca pelo autoconhecimento.
  
Clark, Lygia. Máscaras Sensoriais, 1967. Artistas com as máscaras.
 
Clark, Lygia. Máscaras Sensoriais, 1967.

Máscaras Sociais - James Ensor

James Ensor foi um pintor conhecido por suas críticas sociais por meio de seus desenhos e pinturas de máscaras e multidões. Para ele era “um ponto de vista filosófico a hipocrisia dos rostos, as suas tentativas de esconder seus interesses, seu engano”. Com o uso da luminosidade e de cores fortes, Ensor pintou telas que chocaram as pessoas da sua época, com uma mescla de política, sociedade e, em outras obras, religião.



Ensor, James. A intriga, 1890, óleo sobre tela.

Máscaras Africanas - Pablo Picasso

No início do século XX, Pablo Picasso conheceu a arte africana. Por influência dessa arte, o pintor, escultor e desenhista, se torna uns dos percussores do movimento artístico Cubismo, abandonando a ideia de que a arte é a imitação da natureza. Dessa forma, afasta noções como perspectivas e modelagem. Um de seus quadros mais famosos, desse movimento artístico, é Les Demoiselles d'Avignon. Claramente, dá para se notar a influência das máscaras africanas nessa obra.

 
  Picasso, Pablo. Les demoiselles d'Avignon, 1907,
pintura, óleo sobre tela (detalhe) e Máscara africana.



Picasso, Pablo. Les demoiselles d'Avignon, 1907, pintura, óleo sobre tela 1907.

Disse Picasso sobre as máscaras africanas: "Senti que eram muito importantes ... As máscaras não eram apenas peças esculpidas ... Eram magia".

Assim, pudemos constatar o alcance das influências atribuídas às máscaras na pintura, na escultura, na fotografia e nos objetos artísticos. E essas relações estabelecidas entre os autores e suas obras podem ser de caráter individual ou coletivo, com identificação ou distanciamento, de forma crítica ou benevolente. 


PERGUNTAS:

Registre uma postagem no final do texto respondendo com suas palavras as seguintes perguntas:

1)
O que é uma máscara?
2) O que ela representa para você?
3) Em sua opinião, que ligações podem ser estabelecidas com a Arte, a Cultura e a Educação?


REFERÊNCIAS:
CANHADAS, Enéas Martim.  As muitas máscaras que usamos. Disponível em: <http://www.espirito.org.br/portal/artigos/eneas-canhadas/as-muitas-mascaras-que-usamos.html>. Acesso em: 16 mai. 2010.
DEMUNER, Talyta. As Máscaras Sensoriais - Lygia Clark. Disponível em: <http://contemporaneaarte.blogspot.com/2009/10/as-mascaras-sensoriais-lygia-clark.html>. Acesso em: 08 de maio de 2010.
FUNDAÇÃO BIENAL DO MERCOSUL. James Ensor. Disponível em: <http://www.bienalmercosul.art.br/7bienalmercosul/es/james-ensor. Acesso em: 8 mai. 2010.
ITAÚ CULTURAL. Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm>. Acesso em: 8 mai. 2010.
KLEIN, Natália. O enigma das máscaras. Disponível em: <http://www.rabisco.com.br/56/mascaras.htm>. Acesso em: 9 mai. 2010.
KLINTOWITZ, Jacob. Máscaras brasileiras. São Paulo: Rhodia, 1986.
SANTANA, Ana Lucia. História das máscaras. Disponível em <http://www.infoescola.com/artes/historia-das-mascaras/>. Acesso em: 8 mai. 2010.
SCHULTZE, Ana Maria. As máscaras da morte. Disponível em: <http://www.studium.iar.unicamp.br/sete/5.html?=2.html>. Acesso em: 9 mai. 2010.
URBAN, Paulo. Máscaras - Os dez mil rostos de Deus. Disponível em: <http://www.amigodaalma.com.br/2009/11/22/mascaras-as-mil-faces-de-deus>. Acesso em: 16 mai. 2010.

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